Ele
estava acostumado a ir de camarote em todas as festas e estava sempre
acompanhado de belas loiras que usavam no mínimo salto quinze. Não que ele não
gostasse das morenas, mas as loiras o inspiravam e serviam como verdadeiros
troféus para exibir aos amigos e familiares.
Estava
com quarenta anos e ainda não havia escolhido a sua preferida, aquela que
realmente tocasse seu coração. Não pensava em casar, queria mesmo era se
divertir. Imaginava que, enquanto não achava a pessoa certa, poderia ir levando
uma vida de praia e rock in roll.
Era um
cara inteligente também. Conquistou uma carreira sólida e de sucesso e tinha
uma vida estável. Podia viajar para Paris, passar o fim de semana em Londres ou
conhecer a India, bastava querer. Porque ele podia e o ditado querer não é
poder não se encaixava na vida de rei que vivia.
Tinha
prazer em malhar o corpo e correr. Gostava de manter um corpo esguio, pois
lutava contra os quarenta anos o tempo todo. Não era mais um garotão, mas agia
como tal e usava roupas coladinhas para enaltecer os músculos conquistados com
muito suor. Fazia ainda aplicações de enzimas e de botox mensalmente porque,
afinal, precisava ter uma aparência jovem.
Em um
belo dia, entre um abdominal e um supino, conheceu Junior que passou a fazer
parte de seus pensamentos e também da sua vida. Ele que sempre estava
acompanhado por belas mulheres, que não lhe preenchiam, e cercado de amigos,
que não eram seus amigos, achou em Junior muito mais que um amigo. Encontrou o
amor. E Gustavo estava decidido a se declarar.
Sentia
que era correspondido, já havia visto olhares indiscretos de Junior em sua
direção e estava decidido a sair do armário. Marcou um encontro. No encontro,
para sua surpresa Junior chegou com uma morena estonteante que apresentou como
namorada.
Gustavo
foi ao chão, mas vaidoso como era não deixou aparentar. Em casa, secou as
lágrimas e, depois de um tempo, ficou feliz por deixar de viver de aparências.
Decidiu que na próxima parada gay não
iria ter para ninguém e ele iria é no povão.
