quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Do Iapoque ao Chuí Rubinho Gomes busca a informação

Escravo do leitor respira trabalho em benefício da sociedade
Rubens Gomes, jornalista capixaba, tem como marca registrada o uso dos suspensórios que adotou desde 1995. O artefato é uma peça-chave do guarda-roupa e um traço marcante da personalidade determinada desse grande ícone do jornalismo local e nacional.

Um homem que demonstra força de vontade e empenho em tudo que faz. Um exemplo de cidadão que parou de fumar há dez anos e há cinco tornou-se vegetariano. Com a filosofia “você é o que você come”, o jornalista demonstra novas perspectivas de vida e abdica de certos exageros gastronômicos em prol da saúde e do bem-estar.

Otimista e de coração nobre Rubens Gomes acredita que o simples fato de viver é um hobby. Morador da Barra do Jucu, a palavra de ordem para o jornalista, nas horas vagas do trabalho, é diversão. Apaixonado pelo futebol e com uma longa relação de amor pelo Fluminense ele construiu no quintal um campo de futebol para jogar com os filhos e amigos.

Outra paixão que emana do âmago do jornalista é o Carnaval... ah o Carnaval! Ele participa ativamente das festividades que acontecem nas ruas do bairro e é um dos compositores do Hino do Carnaval do Jucu. Seus olhos brilham e a voz corre solta ao dá uma palhinha do verdadeiro espírito carnavalesco.

Nesse clima de descontração, encontramos Rubens Gomes para falar de algumas venturas e desventuras de um jornalista que respira cultura e informação. Aos 57 anos ele acaba de lançar um livro que revela a história de um prédio raro situado no coração de Vitória. E é lá que vamos encontrar o jornalista: no Hotel Majestic.

O imóvel, localizado no Centro da Cidade, foi construído pelo avô paterno de Rubens Gomes e reformado pelo pai, Rubens José Vervloet, que fundou no local o Colégio Brasileiro de Vitória. O Majestic também foi palco do teatro de Arena em 1968, centro cultural de resistência à ditadura e durante décadas ficou conhecido como o principal hotel da Capital que acumulou ainda histórias de hóspedes ilustres.

Rubinho Gomes, como é conhecido, tem planos de transformar o Hotel na Casa da Memória do Espírito Santo com a implantação de um Museu da Imagem e do Som Capixaba. Os primeiros passos para solidificar o sonho já foram dados. Ele viabilizou com a Prefeitura Municipal de Vitória o Projeto História Viva que pretende resgatar a memória capixaba.

O passado do jornalista foi também relembrado nesse encontro. Ele recordou com detalhes da infância no Parque Moscoso e na Praia da Costa. Rubinho contou que brincou com o filho do Presidente Jango e foi hóspede presidencial em Brasília na época da ditadura militar, em 1964. Essa visita acabou culminando na prisão do pai, o que até hoje gera um sentimento de culpa no homem cuja emoção toma conta do semblante ao ter na mente as imagens tão “recentes” do episódio do cárcere do pai.

No entanto, o fato trouxe lições que o fizeram escrever vários jornais alternativos, entre eles, A Raposa e o Vanguarda Estudantil, ambos de caráter contestador e contrário ao regime ditatorial. No Espírito Santo, até a década de 80, os jornais tinham forte conotação partidária e isso sempre desagradou o jornalista. Outro fato que o chateou foi na época do AI 5, ato Institucional que dissipou a censura e a perseguição dos profissionais da “caneta e do papel”, quando muitas matérias foram vetadas para publicação.

Favorável a liberdade de expressão, da imprensa e dos direitos humanos, Rubens enveredou pela militância política e pelas idéias de cunho ditas “comunista” e por isso foi preso, precisamente 11 vezes, mas nunca desistiu de denunciar os problemas da sociedade e incitar a discussão entre os indivíduos.

Sua trajetória profissional é vasta. Ele percorreu o Diário, o Jornal do Brasil, A Tribuna, O Correio Braziliense, Última Hora e Correio da Manhã; fez vários jornais alternativos como A Ilha, Sim, Vitória News; trabalhou na Radiobras como editor do dia-a-dia; ganhou prêmios como o Herzog considerada a premiação mais importante do jornalismo brasileiro na área de Direitos Humanos; participou de reportagens importantes, como o Ticumbi, em Conceição da Barra e continua em plena atividade na Gazeta onde faz a editoria do Últimas Notícias.

A razão da existência de Rubinho é o jornalismo, ele respira trabalho, gosta do que faz e se auto-define como escravo do leitor. Não importa o lugar, no qual Rubinho exerça a profissão, seja no Iapoque ou no Chuí, no Nordeste ou no Sul, na Gazeta ou em outro jornal porque o profissional multimídia não é apegado a locais, mas sim ao eterno exercício de informar e buscar a notícia, esteja ela escondida ou escancarada aos olhos da população.
* Flávia Varela

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