quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Paixão pelo jornalismo pulsa nas veias e no coração de Hésio Pessali

Hésio Pessali tem um ar sereno e tranqüilo, é um senhor de cabelos brancos que prefere ir de ônibus, ao invés de carro, para a faculdade na qual trabalha. Ele ama a natureza e, por isso, nada melhor do que o quiosque da Instituição Faesa para contemplar o ambiente calmo, tão similar à própria personalidade do jornalista. Sob o olhar atendo dos estudantes de Comunicação Social Hésio contou sobre a experiência de vida pessoal e profissional que percorreu ao longo dos anos.

Ele nasceu em 1944 em Alfredo Chaves, no Espírito Santo e como uma família típica da roça trabalhou na colheita de café para ajudar os pais. Era um menino que gostava de brincar e tinha comida farta em casa. Seu interesse por jornalismo foi incitado pelo tio que sempre levava livros para o menino.

Quando rapaz foi para Vitória estudar no Salesiano e pagava os estudos com troca de alimentos da roça, um fato engraçado visto que as mercadorias do interior tinham mais valor de troca do que o dinheiro, e dessa forma, consegui financiar os estudos.

Hésio entrou na faculdade e fez letras na Ufes – Universidade Federal do Espírito Santo. Na época não havia escola de jornalismo em nenhuma universidade, mas ele através de contatos, na faculdade, foi traçando a carreira de jornalista.

A decisão de torna-se jornalista era unânime desde cedo, por isso ele não teve dúvidas, muito comum aos adolescentes em período de escolher, do que queria ser quando crescesse.

Logo que se formou teve a chance de assumir um cargo público e estável no governo Estadual, porém o que encheria os olhos de muitos jovens que almejam boa situação financeira e uma profissão estável não encantou o jornalista.

Ele queria respirar novos ares, ter novos olhares, aprender novas culturas, dar saltos maiores, e foi o que ele fez. Pessali participou da seleção, que começou com 10 mil candidatos, para torna-se repórter da primeira equipe de Veja.

Na época, a Revista não representava ainda o que ela representa hoje. Era um projeto incipiente que poderia dar certo ou não. Pessali resolveu arriscar, conseguiu passar na seleção e tornou-se repórter de Veja em São Paulo e posteriormente em Salvador.

Porém sua trajetória jornalística não se restringe à Veja. Ela também é pautada por furos para o Jornal do Brasi e o Globo. Ele se recorda, por exemplo, que foi o único a encontrar e entrevistar o primeiro capixaba a ganhar milhões na Loteria Esportiva. O novo milionário de Santa Teresa ficou assustado com a fama e o assédio da mídia e se escondeu. Os jornais de Vitória, então, reproduziram no dia seguinte a matéria do JB feita por Hésio Pessali.

O jornalista não se recorda de erros graves na sua carreira. Essa virtude pode ser atribuída ao fato do profissional em questão estar sempre buscando respostas e manter a curiosidade em dia como mola propulsora de saber e conhecimento.

Hésio é um profissional multifacetado, visto que conseguiu ao longo de sua carreia percorrer um universo vasto e atuar em vários setores. Além de trabalhar na Revista VEJA, Jornal do Brasil e Jornal O Globo, ele atuou como correspondente da BBC de Londres. Foi responsável pela edição de livros de memórias da política do Espírito Santo, bem como, publicou várias reportagens na Revista Século. Redação para jornais de bairros e para revista da Procuradoria Geral do Estado também foram feitas como exemplo de atividades mais recentes. Passou pelo jornal A Tribuna, A Gazeta, pela Rádio Espírito Santo e continua atuando aos 64 anos como professor do Curso de Comunicação Social da Faesa.

Atualmente, ele coordena o projeto do jornal On line da Faesa. São 25 anos de licenciatura e dedicação de um ‘jovem senhor’ que assistiu de camarote as notícias do Brasil e do mundo. Um menino com uma infância simples na roça que trabalhava na colheita de café e tinha sonhos maiores, um homem zen que através da meditação budista encontrou o lugar para exercitar a mente. Também um avô de um neném que reaprende a ser pai novamente de um filho em plena adolescência.

Ele mantém, em sua vida pessoal, hábitos simples como caminhar na beira da praia e respirar o ar puro da brisa do mar. Nutre também uma paixão sobre plantas e meio-ambiente. Adepto a lei da atração, o jornalista acredita que se você busca, você encontra. Sorte, talento e dedicação é a triologia do professor para alcançar a vitória.

Hésio não trabalha mais em redação, porém guarda na lembrança a adrenalina dos velhos tempos. Ele tem nas veias a pulsação jornalística e o olhar. Assumiu uma segunda personalidade no dia-a-dia: pensa como jornalista, enxerga o cotidiano com olhos clínicos e é vigilante do mundo que passam ao redor.

Ele é um ícone no jornalismo capixaba e reflete na carreira a determinação ao escolher jornalismo, a certeza em seguir esse caminho e a vontade de continuar uma trajetória cheia de sucesso.


Um comentário:

Leonardo Picinati disse...

Adorei o texto. Não sabia que o homem de cabelos branco era jornalista de profissão.
Parabéns Flávia Varela.