segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Opinião - A questão do desemprego no Brasil

A luta pelo primeiro emprego
A situação de nosso querido Brasil está caótica. O número de desempregados cresce vertiginosamente enquanto que os poucos empregados lutam por salários mais dignos através de greves que muitas vezes são alvos de crítica da própria sociedade.

“Cada um que segure o seu”, esse é o lema da atual conjuntura nacional. Os Q.Is (quem indicam) estão em extinção e quem tem o seu empreguinho, deve rezar todos dias agradecendo pela oportunidade de estar exercendo um trabalho, já que quem não tem, sente-se perdido e incapaz.

Como conseguir o primeiro emprego sem experiência ou sem aquele empurrãozinho? O mercado não quer saber por que você não tem experiência ou saber, por exemplo, as razões que levaram você a preferir se dedicar 4 ou 5 anos de sua vida a um curso superior sem trabalhar paralelamente, não quer saber se você sabe inglês, se tem pós-graduação ou um MBA. O mercado quer muito, mas muito mais: quer um superdotado que saia da faculdade com no mínimo 5 anos de experiência de preferência comprovado na carteira.

Nietzsche, filósofo alemão, abordou a necessidade de um super-homem na sociedade, na qual a perfeição era exigida com a maior naturalidade. Para ele, nesta batalha que chamamos de vida, precisamos não de bondade, mas de força, não de humildade, mas de orgulho, não de altruísmo, mas de uma inteligência resoluta; que igualdade e democracia são contrárias à natureza da seleção e da sobrevivência; que os gênios e não as massas, são o objetivo da evolução; que o poder e não a “justiça” é o árbitro de todas diferenças e de todos os destinos.

Assim, a inteligência não é a única virtude necessária para você galgar um lugar ao sol. É preciso mais. Nietzsche estava certo: é preciso ser um super – homem.

Mas quem são os super-homens do nosso querido Brasil? A TV com suas novelas e seus protagonistas fazem a vez do super-homem. Esses protagonistas assim como modelos, jogadores de futebol e celebridades instantâneas conseguem entreter-nos, simples mortais, e fazem com que esqueçamos, por alguns minutos das “contas a pagar”.

Essa inversão de valores, na qual “o glúteo” do momento ganha milhões e o trabalhador/desempregado faz bicos para se manter de pé precisa ser questionada.

Sem falar nos recém-formados que tentam “trainner”, concursos, se dedicam e não conseguem nada, simplesmente porque as provas são de “pirar o cabeção”. É um segundo Vestibular, só que bem mais concorrido e bem mais difícil. Para passar em um desses concursos você precisa de no mínimo três anos estudando com bastante afinco.

Do que nós vale o diploma agora? Provavelmente de enfeite, é um diploma axilar. Quantos advogados e médicos não há no Brasil que largaram seus diplomas para vender cachorro-quente na rua? Quantos trabalhadores estão saindo do nosso País atrás de dias melhores? Será que os referidos advogados e médicos não eram bons suficientemente para entrar no mercado de trabalho? Ou eles, infelizmente, não tiveram oportunidade de mostrarem suas potencialidades?

E as entrevistas? Uma hora seu Curriculum é muito bom, em outras não serve para o perfil da empresa. Uns questionam que você já fez muita coisa para pouca idade, outros reclamam porque você está parado a um mês. Eles têm o poder, eles também são os super-homens do momento. Eles têm as pessoas em suas mãos e podem massacrá-las a gosto.

“Um empreguinho pelo amor de Deus, um empreguinho por caridade”. Não tenha dúvidas que em cada esquina há um brasileiro procurando emprego, não tenha dúvida também que essa busca é árdua e insólita.

Não tenha dúvida também que algo está errado no Brasil. Será os seus filhos? Ou será que o Brasil ainda é o reflexo de um país que foi colônia e continua sendo explorado? Resta saber quem são os exploradores e quem vai salvar os explorados.
TEXTO PUBLICADO EM CRÔNICAS - JORNAL DE MG - CADERNO UAI

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